Por Ramão Rodrigues Aguilar
O Caçador de Moedas, homem de vigor físico e de largas andanças, no território missioneiro, mais precisamente entre São Borja e Santo Antonio das Missões, em busca de “enterros” (tesouros enterrados), fascinado por metais de valor, principalmente o ouro e a prata, andava com os dedos da mão tapados de anéis. Conta que em suas buscas persistente teria tirado dois tesouros, um deles no município de Santo Antonio das Missões e outro no interior de São Borja. Filho desse Pago Santo de São Borja cria lá das bandas de São Miguel. Vindo para cidade foi vizinhar com as almas do outro mundo, ou seja, ao lado do Cemitério do Passo.
Quando o conheci já era homem feito e com família. Era guri, morava na antiga Granja São Vicente, do finado meu avô Geraldo Rodrigues, com o inventário pela morte da minha avó Madalena Fernandes Rodrigues, meus pais receberam um corte de chácara, que ia desde a Rua Patrício Petit-Jean até o Rio Uruguai, daí vimos morar frente para a referida Rua, mudamos do fundo de campo para frente, nas proximidades da Fábrica de Linhaça Saragossa, cruzada obrigatório do O Caçador de Moedas, com seu passo curto e rápido, rasgava as distâncias da sua casa até a faixa, donde podia pegar o ônibus Passo-Centro.
O Caçador de Moedas, sempre tinha uma moeda antiga para negociar e uma reserva de ouro para ser transformado em jóia (alianças, anéis, fivelas de cintos...), pois além dos “enterros” ele garimpava no lixo do cemitério novas moedas e coroas de dentes para a “ourivesaria”. Certa feita estacionou em frente de casa um baita carrão e na direção um comprador de moedas para colecionar pedindo informação a respeito de um vendedor de moeda antiga. Depois fiquei sabendo, que este comprador, tratava-se de um advogado e pecuarista, de família tradicional de São Borja. Eu me ofereci para levá-lo até O Caçador de Moedas, nem esperei a resposta e saltei pra dentro daquela Esplanada vermelho e branco, que não sei a marca, e lá fomos nós. Apesar de fazer bastante tempo ainda não esqueci daquele final de tarde, já estava escuro. O homem trouxe suas moedas num saquinho de tecido de algodão e com o auxilia de uma lanterna o colecionador escolheu algumas... Comprou e retornamos. Ele me deixou em casa e seguiu adiante. Seu retorno se repetira poucas vezes, mas nunca deixou de me levar.
Nos cemitérios são comuns, depois de um determinado tempo e a necessidade do sepultamento de um novo defunto, os funcionários retirarem os restos mortais do túmulo e colocarem num saco, que fica guardado no mesmo local donde saiu, o caixão velho é retirado e vai para o lixo nos fundos do cemitério e de tempo em tempo era queimado. Meus pais contavam que as pessoas antigas colocavam moeda junto ao defunto no caixão, era para o finado pagar a passagem para o céu. Creio eu, que com o tempo viram que se tratava de um gasto desnecessário, pois ficando, na sepultura, os restos mortais e as moedas, certamente a alma não paga passagem para o céu ou para o inferno. E, com isso O Caçador de Moedas ia se defendendo, até que ela a implacável e temida morte, também, o levou para a sepultura com seus sonhos imagináveis de tesouros a reluzir numa talha de barro quebrada, com seus metais: dobrões, patacões, libras esterlinas e Bolivianas, tudo ali ao alcance dos olhos, das mãos e da morte.
sábado, 19 de junho de 2010
Apenas Recordações
É o fio da navalha que corta meus olhos,
Fere meu coração torturado e louco,
Na mais bela anatomia de um corpo de mulher,
Onde naufraguei minhas anciãs de amor.
Quando entre na retina dos meus olhos,
Curvas acentuadas percorrem minha imaginação,
Na pele lisa que desliza a mão sedenta de paixão.
Por um momento tudo parece irreal, abstrato,
Um filme, um desfile ao vivo, um retrato,
Mas é ela imaginada e linda,
A desafiar as leis da física ainda.
Onde andará essa musa que ficou distante,
Que me causava tanto glamour brilhante,
Indescritível, a eternizar aqueles momentos,
Que nem o tempo consegue apagar.
-Ramão Aguilar-
Fere meu coração torturado e louco,
Na mais bela anatomia de um corpo de mulher,
Onde naufraguei minhas anciãs de amor.
Quando entre na retina dos meus olhos,
Curvas acentuadas percorrem minha imaginação,
Na pele lisa que desliza a mão sedenta de paixão.
Por um momento tudo parece irreal, abstrato,
Um filme, um desfile ao vivo, um retrato,
Mas é ela imaginada e linda,
A desafiar as leis da física ainda.
Onde andará essa musa que ficou distante,
Que me causava tanto glamour brilhante,
Indescritível, a eternizar aqueles momentos,
Que nem o tempo consegue apagar.
-Ramão Aguilar-
Poemas Perdidos
Poemas Perdidos
Aqueles poemas que deixei de escrever, omiti,
Por medo de escancarar minha realidade,
Medo de ser ridicularizado pelo meu pudor,
Medo de amar, de ser amado,
Medo de ser açoitado pelo meu lado egoísta,
Com trinta e três chibatadas.
Aqueles poemas que deixei de escrever
Mexiam com a minha intimidade,
Diziam de meus momentos felizes e infelizes.
Tanto pudor escondido pelas veredas da alma,
Junto com a vergonha trazia-me aprisionado em correntes de aço,
Eles faziam parte de um terço da minha idade,
Exatamente a parte que faltava para minha felicidade.
Pois nesse tempo, depois constatei, minha vida estava vazia,
Grande parte era coberta pelas trevas,
E as trevas foram decepadas pela luz.
Daí que me fez entender o passado,
Referente a dois terço da minha idade,
O futuro que não vivi, pois ele pertence ao Criador,
O presente que devo viver com toda a intensidade,
O ontem iniciou hoje, o hoje é eterno, não tem passado nem futuro.
-Ramão Aguilar-
Aqueles poemas que deixei de escrever, omiti,
Por medo de escancarar minha realidade,
Medo de ser ridicularizado pelo meu pudor,
Medo de amar, de ser amado,
Medo de ser açoitado pelo meu lado egoísta,
Com trinta e três chibatadas.
Aqueles poemas que deixei de escrever
Mexiam com a minha intimidade,
Diziam de meus momentos felizes e infelizes.
Tanto pudor escondido pelas veredas da alma,
Junto com a vergonha trazia-me aprisionado em correntes de aço,
Eles faziam parte de um terço da minha idade,
Exatamente a parte que faltava para minha felicidade.
Pois nesse tempo, depois constatei, minha vida estava vazia,
Grande parte era coberta pelas trevas,
E as trevas foram decepadas pela luz.
Daí que me fez entender o passado,
Referente a dois terço da minha idade,
O futuro que não vivi, pois ele pertence ao Criador,
O presente que devo viver com toda a intensidade,
O ontem iniciou hoje, o hoje é eterno, não tem passado nem futuro.
-Ramão Aguilar-
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